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Meus nobres amigos.
Há algum tempo adotei um "novo" hobbie na minha vida que é recuperar e restaurar bicicletas antigas. Com isso, descobri um universo de links e de pessoas apaixonadas por isso e com muita coisa em comum. As novas amizades me levaram a escrever e dar início ao Blog "Veteran Bike Club" um grupo de pessoas simples, antenadas e que gostam de pedalar suas Vintages pelas ciclovias do Rio de Janeiro. Não distingue sexo, idade ou religião e todos serão muito bem vindos.
Nos encontramos nos finais de semana, as vezes combinamos encontros e passeios, noutras, simplesmente nos cruzamos e pedalamos juntos. Fazemos passeios de curta, média e longa distância. Alguém sempre leva um Kit com ferramentas e Spray tapa buraco pro pneu. Fazemos paradas estratégicas para repor as energias nos bares que estão no "Guia de comida de boteco". Temos que aproveitar enquanto ainda não inventaram a Lei Seca para quem pilota bicicleta (he,he).
Muitas vezes cruzamos com alguém e o percurso muda, porque pedalar é assim, você simplesmente vai... Através desse Blog, gostaria de linkar as pessoas sintonizadas com essa atividade tão prazeirosa que é o prazer de pedalar, independente da bike ser clássica ou não. Como todo início, espero poder contar com a compreensão de todos vocês. Em breve as fotos e vídeos estarão chegando e acompanhando os textos.
Onde tudo começou...
Num belo dia de sol pedalava minha magrela de 24 marchas pela ciclovia do Recreio dos Bandeirantes em direção a Praia da Macumba. Derrepente, cruzei com uma Caloi Berlineta de 1974, reconheci de prima! A cor ainda era original e o tempo parecia não tem passado para ela. Brequei e voltei, fui atrás do carinha.
Era um senhor de uns 60 e tal, ficou surpreso com minha atitude e interesse. Contou que trabalhava como jardineiro numa casa, a patroa solidária lhe deu para que pudesse se locomover melhor e economizar. Disse que precisou de dinheiro e foi vendê-la, mas ninguém queria por ser velha (antiga). O cara do ferro-velho ofereceu R$6,00 e logo iria transformá-la em sucata, ficou triste mas não a pé. Voltou com a bike pra casa.
Pedi pra dar uma volta, ele assentiu e subi naquela relíquia "seca suvaco" aro 20, irada! Foi como voltar no tempo, eu não conseguia mais parar de pedalar e quando me toquei, estava bem longe do Seu Jacinto. Quando voltei, ele sorria e falou "Ó xente gostou mesmo!" ficou falando do conforto de pilotá-la e concordei. Me ofereci para comprá-la, mas ele a princípio recusou, mais ficou curioso pelo meu interesse.
Contei-lhe minha história com uma bike idêntica e o quanto eu tinha gostado dela blá, blá, blá... Ele ficou me olhando e disse que precisava de uma bicicleta, que fosse tão boa quanto a dele e ainda mais veloz. Fudeu! Pensei. Ele queria trocar com a minha, e agora? Como posso remediar? Meti a mão no bolso e juntei uns 40 paus, recusou. Ele continuava olhando pra minha magrela "mega power trail". Ofereci de comprar uma bike numa loja de usadas em troca, ele aceitou. Trocamos telefone, disse que poderia ligar pra mim à cobrar... Nunca mais o vi. PQP! Se me arrependo? Claro!
Levei um tempão pra me recuperar. Essa pequena história ilustra o sentimento que o Seu Jacinto despertou, percorri todas as ruas do bairro em vão, procurei no famoso Terreirão onde disse que morava e nada, a Berlineta da Caloi evaporou.
A saudade dos bons tempos de criança havia voltado e não queria ir embora, eu precisava fazer alguma coisa. Meus olhos de águia ficaram aguçados, pesquisei na rede e li muito a respeito, sondei vendedores e preços. Uma loucura! Tava obcecado pela magrela! Só depois de um tempo é que entendi a mensagem e sosseguei.
Só não imaginava o quanto teria que mudar, renovar, restaurar, reciclar, recriar e por aí vai. Muitas coisas aconteceram desde esse reencontro com o passado, até que num bizarro dia dou de cara com ela de novo...
Essa é uma história que conto outro dia.